PUBLICIDADE A história de Cláudio Freitas: o sobrinho de Alcindo que trocou o Inter pelo Grêmio

A história de Cláudio Freitas: o sobrinho de Alcindo que trocou o Inter pelo Grêmio

A história de Cláudio Freitas: o sobrinho de Alcindo que trocou o Inter pelo Grêmio

Por Márcio Oliveski — Publicado em 8 de novembro de 2025 no Grêmio Histórico


              

⚽ Um nome com herança tricolor

Nascido em 1966 na cidade de Passo Fundo, no coração do Rio Grande do Sul, Cláudio Luiz Marta de Freitas veio de uma família profundamente enraizada no futebol gaúcho. Seu sangue carregava uma herança poderosa: ele era sobrinho de Alcindo Martha de Freitas, o lendário artilheiro que marcou época com a camisa do Grêmio e que participou da Copa do Mundo de 1966 com a Seleção Brasileira. Além disso, Cláudio também era sobrinho de Kim, ex-jogador do Internacional entre 1959 e 1962.

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Seu pai, Alcino, também teve passagem pelo Internacional entre 1961 e 1963, e o irmão, Luiz Cláudio, seguiu o mesmo caminho dentro dos gramados. Com uma árvore genealógica repleta de craques, parecia inevitável que Cláudio Freitas tivesse um destino glorioso no futebol. Ainda jovem, despontava como uma das grandes promessas das categorias de base do Internacional, sendo visto como um meia canhoto talentoso, de técnica refinada e visão de jogo privilegiada.

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🚫 A promessa que se perdeu nos bastidores

Na década de 1980, Cláudio era apontado pela imprensa esportiva como uma das maiores joias da base colorada. No entanto, sua trajetória tomou rumos inesperados. Apesar do talento inegável, o jogador começou a se envolver em polêmicas fora de campo. Faltava treinos e jogos — tanto nas categorias de base quanto no elenco profissional — o que minou a confiança dos treinadores e dirigentes.

O comportamento indisciplinado contrastava com o brilho que demonstrava quando resolvia jogar. Mesmo assim, sua fama de indisciplinado acabou se sobrepondo ao seu potencial. A situação chegou a tal ponto que Cláudio abandonou o Beira-Rio e fugiu para viver em Sapucaia do Sul com sua companheira Nara, que estava grávida. Para um jovem que sonhava com os grandes palcos, foi uma decisão radical.

                                             

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💸 Da promessa milionária ao futebol de várzea

Cláudio acreditava que o salário de 70 mil cruzeiros que recebia no Internacional não justificava os sacrifícios e a pressão. Preferiu trocar os gramados oficiais pelos campos de várzea, onde jogava por cerca de 5 mil cruzeiros por partida — valor insuficiente para sustentar sua família.

Esse afastamento, porém, abriu caminho para uma reviravolta curiosa. O Internacional perdeu o prazo de renovação contratual e, aproveitando a brecha, o Grêmio decidiu apostar no jogador. Assim, Cláudio Freitas atravessou o Gre-Nal fora das quatro linhas e vestiu o manto tricolor, um ato que surpreendeu a imprensa e os torcedores da época.   

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🔵 Uma nova chance com as cores do Grêmio

No Grêmio, Cláudio começou bem. Demonstrou técnica, passes precisos e muita habilidade com o pé esquerdo. Entretanto, os problemas de comportamento continuaram. O meia seguia faltando treinos, chegava atrasado e era presença constante nas noites de Porto Alegre. O clube, que sempre primou pela disciplina, acabou perdendo a paciência.

Para tentar resgatar o atleta, o Grêmio optou por emprestá-lo a equipes menores, como Criciúma e Brusque. Mesmo com o talento reconhecido, Cláudio não conseguiu reencontrar a estabilidade necessária para consolidar sua carreira.

                                     


🏆 A volta em 1994 e o último sopro de esperança

Em 1994, Cláudio Freitas voltou ao Grêmio com a esperança de um recomeço. Ganhou novas oportunidades na Copa do Brasil, mas novamente seu comportamento extra-campo impediu uma recuperação plena. O futebol brasileiro vivia uma fase de grandes transformações, e atletas sem disciplina dificilmente encontravam espaço.

Cláudio acabou rodando por clubes menores, tentando reencontrar o prazer de jogar. Em 1999, se mudou para Francisco Beltrão, no Paraná, onde jogou até 2003, defendendo equipes locais e deixando boas impressões entre os torcedores da região. Ainda assim, estava longe dos holofotes que um dia pareciam certos.

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🕊️ O fim de carreira e o esquecimento

Em 2004, aos 38 anos, Cláudio Freitas encerrou sua trajetória como jogador, atuando pelo Santo Ângelo. Sua carreira, que começou com expectativas altíssimas, terminou de forma silenciosa, quase anônima. O ex-meia, que encantou com sua canhota, simplesmente desapareceu do cenário esportivo nacional.

Curiosamente, Cláudio não guardou nenhuma lembrança de sua vida no futebol. Nenhuma camisa, chuteira, recorte de jornal ou medalha. Tudo ficou para trás, como se o passado fosse um capítulo que ele preferisse esquecer.

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🚨 Dificuldades e recomeço longe dos gramados

Após pendurar as chuteiras, Cláudio retornou a Sapucaia do Sul e passou a trabalhar como servente de pedreiro. Em 2011, seu nome voltou às manchetes, mas por um motivo triste: ele foi levado à delegacia em Francisco Beltrão, acusado de receptação de objetos roubados de uma igreja evangélica. O caso, contudo, não teve desdobramentos graves, e Cláudio voltou à vida simples no interior.

No mesmo ano, participou de um Jogo das Estrelas em Passo Fundo, reencontrando antigos colegas e amigos do futebol. Foi um momento simbólico, em que pôde relembrar os dias de glória e talento que quase o levaram ao estrelato.

                             

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💬 O legado de um talento incompleto

A história de Cláudio Freitas é, ao mesmo tempo, inspiradora e melancólica. Mostra como o talento, quando não acompanhado de disciplina, pode se perder no caminho. Mas também revela a humanidade por trás dos atletas — pessoas que enfrentam dificuldades, fazem escolhas e, muitas vezes, não conseguem lidar com as pressões do sucesso.

Para os torcedores do Grêmio, Cláudio será sempre lembrado como o sobrinho do maior artilheiro da história do clube — Alcindo — e como o jogador que teve tudo para brilhar, mas acabou optando por uma vida longe dos holofotes.

Mesmo sem títulos ou grandes conquistas, Cláudio representa uma parte importante da rica história do futebol gaúcho. Um personagem real, com erros e acertos, que viveu intensamente o que o futebol tem de mais humano.

                                   



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✍️ Sobre o autor

Márcio Oliveski é criador do blog Grêmio Histórico, jornalista esportivo e pesquisador da história do Grêmio. Apaixonado pelo Tricolor, dedica-se a resgatar memórias e curiosidades que marcaram gerações de torcedores.

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